Publicidade do mundo dos games, cadê?
Acho que todo mundo já tá cansado de saber que o mercado de games no Brasil apresenta um cenário em expansão. Mas fico me perguntando até que ponto as empresas têm ideia do potencial desse público e desse meio para a publicidade.
Sim, porque a publicidade nesse mercado – ao meu ver – ainda é bastante tímida. Embora muito tenha se falado disso na época do Second Life são poucas as vezes em que fui impactada de fato nesse cenário. Na época do Orkut ainda tínhamos algumas ações pontuais acontecendo em meio a jogos casuais como, por exemplo, quando o Bis investiu no Colheita Feliz ou quando Mc Donald’s e Paramount investiram no FarmVille, lembram?
Quando paro pra pensar sobre publicidade em games, a primeira coisa que me vem à cabeça é a gama de anunciantes que já investiram na franquia The Sims. Uma vez, a Renault disponibilizou alguns modelos de carros elétricos que estavam em fase testes mundialmente para os jogadores do The Sims – meio que trabalhando com esse lado aspiracional dos jogadores.
Além da Renault, outras marcas como a Diesel, H&M Fashion, Ikea e até mesmo a cantora Katy Perry (é, existe uma expansão do The Sims 3 chamada Sweet Treats para divulgar o documentário Katy Perry: Part of me) já fizeram investimentos no jogo, para trabalhar com o público diversificado que a franquia atinge.
O in-game advertising é uma estratégia que envolve um alto custo, mas em contrapartida permite à marca explorar o cenário do game e impactar direta ou indiretamente a história, de acordo com as ações dos personagens. Inserir sua marca nesse tipo de contexto não apenas expõe o usuário a sua comunicação mas também ajuda a fortalecer seu relacionamento com ele – dependendo, claro, do tipo de interação que o anúncio permite.
Se pensarmos na publicidade em meio ao Need For Speed Payback, por exemplo, vamos ver que não são apenas os carros das montadoras que divulgam as marcas. Na verdade temos muito conteúdo em meio aos cenários das cidades.
Outro exemplo é a série de jogos do Tony Hawk’s , que sempre trouxe as principais marcas relacionadas a skate nos vestuários dos personagens e também nas pistas. Uma dinâmica de publicidade semelhante aos jogos da franquia Fifa, com as marcas Nike e Adidas.
O mais divertido de trabalhar dentro desse universo dos games é a possibilidade de comunicar algo em um contexto totalmente lúdico. Como em Planetside, onde era possível encontrar um outdoor da força aérea dos Estados Unidos.
Claro que existem diversas formas de investir nesse mercado: usando anúncios convencionais (banners, vídeos de 15” ou 30”), in game advertising (seja investindo em cenários, histórias e expansões ou até mesmo em skins e customização), advergame e até mesmo o patrocínio de jogadores de e-sports – beleza, eu sei que é uma estratégia totalmente diferente, mas acaba visando o mesmo público.
O fato é que, hoje, a maior parte dos investimentos de publicidade em games são iniciativas das próprias produtoras através de easter eggs – que eu particularmente acho fantástico. É impossível não ficar entusiasmado ao ver possibilidades como jogar Crash Bandicoot em meio a história do Uncharted 4. Ou quando você se depara com a DLC do Xenoblade Chronicles 2 no The Legend of Zelda: Breath of the Wild.
Por outro lado, ainda me parece muito distante a ideia de ver cada vez mais marcas usando a publicidade de forma inteligente, em meio a todo esse potencial que o mercado gamer representa. Na minha cabeça, esse tipo de estratégia é outra forma de inserir a marca no dia-a-dia do cliente – um conceito semelhante ao que discutimos no post dos influenciadores.
Considerando que o perfil do gamer brasileiro hoje é multiplataforma – ou seja, não se restringe a consoles e PCs, mas também inclui o mercado mobile – temos registrado um crescimento significativo desse público. E engana-se quem pensa que jogo é coisa de criança ou que esse é um mercado predominantemente masculino.
Segundo uma pesquisa da ESPM realizada em 2016 com 2.947 pessoas de diversos estados, a principal faixa etária do público gamer no Brasil é de 25 a 34 anos – e pasme: 53,6% do público que participou da pesquisa e afirmou ser gamer eram mulheres. Lembrando que 77,9% dos entrevistados afirmaram jogar através de smartphones, 66,4% via computadores e 49% por consoles – o que também explica a afirmação do público feminino, que hoje é mais comum entre os jogos casuais de smartphone. Quando analisamos os dados de PCs e consoles, a maior parte do público ainda acaba sendo formada por homens – mas isso não significa que mulher não jogue, basta vocês me pegarem como exemplo. HAHAHA 😛
Mas voltando aqui para o assunto principal do post, o que mais me chama atenção na pesquisa é: Jogar diariamente é um hábito entre os entrevistados. Então calma, vocês já pararam para pensar no POTENCIAL disso tudo? E olha, longe de mim querer estabelecer alguma regra ou fórmula mágica para a atuação da sua marca em meio a essas possibilidades. Como em todo tipo de publicidade, é necessário analisar o perfil dos jogadores versus seu público e também pensar numa forma inteligente de gerar essa interação – mesmo porque não adianta você sair colocando um banner ou vídeos de 15” ou 30” dentro dos jogos sem pensar em todo o contexto <- Aliás, essa estratégia que interrompe o jogo por algum motivo é bem “odiado” pelos gamers – e não é esse tipo de pensamento que eu quero aqui. Sou a favor de usar a mídia de forma inteligente, ou seja, como parte da história. O conceito de gamification também é muito bacana e pode ser explorado de infinitas maneiras pelas marcas.
Longe de mim querer impor qualquer conceito, essa é apenas a minha opinião sobre algo que eu realmente sinto falta de ver no mercado: bons exemplos de publicidade em meio aos games.
E você, tem visto algo interessante? Achou uma baboseira tudo o que eu disse? Me conte para refletirmos juntos. 😉
2 Comments
Giovana Gozzoli
Não tenho maturidade com a propaganda do Cup Noodles em Final Fantasy XV! É até engraçado quando os personagens começam a debater as delícias de um Cup Noodles e assustadores os camarões absurdos que a versão do jogo tem! Hahahaha.
Esse assunto rende horas e horas de debate >>>adaptação interessante<<<< para a plataforma, afinal, não queremos poluição nesses nossos mundos de fantasia <3
Aqui na Level rola um investimento interessante no patcher de nossos games, no entanto, sinto falta de ações in-game que rolavam antigamente, acredita?
Sempre que quiser conversar, estou aqui <3
Juliane Harada
Gigi que maravilhoso ter o seu parâmetro e aval sobre esse assunto! Ainda mais vindo de alguém que trabalha com este mercado diretamente. Aliás, fico feliz – de verdade – em saber que a Level investe e acredita neste tipo de coisa mesmo tendo uma demanda relativamente baixa pra isso.
E realmente a inserção das marcas neste meio precisa ser MUITO BEM PENSADA pra não virar algo incomodo e sem sentido porque nesses casos o tiro sai pela culatra né?
Vou te chamar para discutirmos sobre esse assunto mais vezes e quem sabe nossa conversa vira assunto para um próximo post né? 🙂